domingo, 19 de dezembro de 2010

Alma portuguesa vende-se


Não é possível entender a economia mundial dos dias de hoje passando
ao lado da potência que mais cresceu nos últimos anos: a China. Os
investimentos noutros países, a abertura e as constantes adaptações ao
mercado, o elevado número de exportações e uma mentalidade
economizadora fizeram da China actualmente a segunda maior potência
económica do Mundo, apenas atrás dos Estados Unidos da América.
Nos últimos anos, a República Popular da China tem estado empenhada
em fortalecer a sua economia e reforçar relações diplomáticas com outros
países. Numa altura em que o Mundo atravessa grandes dificuldades
económico-financeiras, o governo chinês vê uma excelente oportunidade de
avançar e de realizar negócios. Para isso, tem participado em reuniões e
encontros com diversos líderes de todo o Mundo. Mas a que custo, com que
interesses no futuro, com que estratégia, com que consequências?
Exemplo disso é o caso português. Portugal recebeu no passado dia 7
de Novembro a visita-relâmpago de Ju Jintao, presidente da China, que mostrou imediata
disponibilidade para ajudar o nosso país a ultrapassar a crise.
O governo português e muitos economistas vêem com bons olhos a
eventual compra de dívida pública portuguesa e o desejo de negócios
bilaterais. Aceitar a sua ajuda seria uma forma de aliviar a curto e médio
prazos a tensão dos mercados, aumentar a possibilidade de investimento em
território nacional e melhorar a forma com os países nos vêem lá fora.
Mas será que devemos pactuar de ânimo leve com um país que ainda hoje,
em pleno século XXI e com tudo o que isso implica, viola diariamente os
direitos humanos? Que põe em causa a liberdade de expressão, explora
mão-de-obra barata e é contra todas as formas de pluralismo?
Em tempo de crise, muitos países parecem passar ao lado dos direitos
fundamentais de um indivíduo. Isto acontece quando os negócios e o dinheiro
falam mais alto. Sílvia Morgado

Novembro 2010

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