sábado, 15 de outubro de 2011

Isto vai ficar feio, mas só para alguns


A notícia do médico que recebeu 796 mil euros em 2008 e 744 mil euros em 2009 não passou despercebida nos jornais de hoje, dois dias depois de o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, naquele momento nefasto de emergência nacional, ter falado ao País. O caso é revelado pelo Tribunal de Contas na sequência de uma auditoria feita aos salários dos gestores dos hospitais EPE. Contas feitas, cerca de 60 mil euros por mês. É impossível ficar num estado de neutralidade e apatia perante tal revelação, e o que mais assusta é que há mais casos semelhantes do que qualquer um de nós pode imaginar. Num dia em que saem à rua milhares de protestantes por todo o mundo fazendo ouvir as suas vozes contra o fosso cada vez maior que há entre ricos e pobres, uma notícia destas choca-nos assim como nos choca saber que em PORTUGAL, quem sabe se não mesmo o nosso vizinho, passa os dias a comer sopa  numa panela com pouco mais do que 2/3 batatas,  uma cenoura e meia cebola e o resto é água, a criança que tem apenas uma refeição por dia ou o velho que anda com os mesmos sapatos rotos de Verão e de Inverno há anos. E perguntamos nós onde está a justiça, onde está o bom-senso? Agora vai ser pior ainda, mas só para alguns.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Troika corta chico-espertismo


António era um homem trabalhador. Nunca tivera férias na vida. Os seus dias eram passados a lavrar a terra, único sustento da família. Mesmo doente, em dias de chuva intensa, ou de sol abrasador tinha de se levantar bem cedo e pôr mãos à obra. As dores nas costas e nas pernas, as mãos gretadas e ásperas e os cabelos brancos eram sinais visíveis de uma vida de trabalho intenso, duro e de muitas dificuldades. Manuel, seu vizinho, era de uma condição diferente. Toda a vida conseguiu as coisas de forma fácil, sem trabalho, sem esforço. E sempre que queria uma e outra coisa, conseguia-a. Mesmo que isso implicasse passar por cima de quem quer que fosse.
Ora vem isto a propósito de uma estória que ouvi na rádio.
Um maratonista britânico venceu a medalha de bronze depois de ter feito...batota. Cansado, ou simplesmente armado em chico-esperto, não teve pudor em apanhar um autocarro quando faltavam 10 quilómetros para cortar a meta. Depois, foi fácil. Já perto do final da prova em Kielder, desceu do autocarro, escondeu-se atrás de uma árvore e, discretamente, juntou-se ao pelotão. Depois de uma investigação, Rob Sloan acabou por confessar a proeza, no entanto, o terceiro lugar no pódio ficou garantido. Mas esta parte, pelos vistos, não foi impedimento de desclassificação ou de reprimenda.
Isto fez-me lembrar de quantos Antónios há por esse mundo fora e de quantos Manuéis e Sloanes lhes passam à frente, mesmo que injustamente, sem carácter e com a maior pouca-vergonha.
A vida tem destas coisas.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

 Acabadinho de ler: Rio das Flores, MST

Próximo: Snu e a vida privada com Sá Carneiro, CP