quarta-feira, 27 de julho de 2011

Manobras perigosas para um minuto de fama


Segundo o dicionário da Língua Portuguesa tourear significa correr/lidar touros no circo ou numa praça. Vem isto a propósito do último fenómeno que tem aparecido em jornais, televisões e plataformas digitais e que já levou à morte de um adolescente, ou melhor, do António, com 17 anos.
Esta ‘brincadeira’, que consiste em esperar que um carro se aproxime e correr de uma berma da estrada até à outra, obrigando os condutores a travar abruptamente ou a fazer manobras perigosas, dá-se pelo nome de ‘tourear carros’. Eu chamo-lhe estupidez!
Esta ‘brincadeira’, em que um grupo de amigos enche a peitaça e mostra os seus dotes de coragem, de atrevimento e valentia, pretendia ser posta na internet. E de repente isto faz-me lembrar qualquer coisa. Ai pois é: o fenómeno Hélio. E pergunto-me até que ponto não somos responsáveis (nós e a comunicação social) pela morte do António. A importância desmedida que se deu a um simples vídeo, com um número recorde de visualizações, levou a que aquele grupo de jovens quisesse também ele ser um herói, nem que fosse apenas por alguns dias. Se a coisa tivesse corrido bem, talvez aparecessem na televisão, fossem entrevistadas as famílias, até quem sabe iam a algum programa de TV para contar tal façanha. Mas não foi isso que aconteceu. Alguém já se lembrou de perguntar ao Hélio se ele tem noção de que a estupidez dele e de quem pôs o vídeo na net podem ter influenciado muitos jovens por esse país fora? O medo a ele não o assiste. Para António, o medo não o assistiu, nem mesmo os amigos, que assim que se viram enrascados com o atropelamento brutal, deram à sola. Aí nesse momento a valentia de ser melhor do que o do lado assolou-se de medo e de cobardia.
Hoje em dia já não se toureiam apenas animais. A estupidez vai bem mais longe.
Os limites do bom senso parecem cada vez mais água ao sol em dia de muito calor: evapora-se.

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